21.7.08

O meu fim-de-semana dava um filme


Não que eu costume escrever posts destes, do género o que comi ao almoço, ou quantas vezes a minha cria mais nova foi ao WC, mas este fim-de-semana merece ser contado pela forma como se afastou do conceito que nós, trabalhadores com vidinhas mais ou menos organizadas, temos de fim-de-semana.
Sexta-feira começou com alvorada às 7 e entrada do team de pintores que haveriam de pintar todas as desgraçadas paredes da casa. Seguiu-se o primeiro de muitos telefonemas a darem conta de uma intoxicação alimentar de uma parte da família. Durante todo o dia intercalando com o tema intoxicação alimentar familiar, internamento e soro, houve que ouvir os cérebros do MIT num workshop de “neuroimaging”. Chegada a casa às 19.30 coincidindo com a saída dos pintores, a casa em pantanas, pó e sujidade e restos de tinta por todo o lado. Jantar de take-way, lava e esfrega, arrasta móveis e limpa, e lava e limpa e arruma e limpa, à meia-noite a casa estava aceitável, um dos familiares continuaria internado.
Sábado 9.30, concentração para continuar a ouvir os cérebros de Harvard e do MIT. Chegar a casa, não há comida, fast-food e compras, os convalescentes convalescem lentamente.
Domingo 7.30, tocam à campainha, a vizinha do lado vem-nos devolver a gata que, de varanda em varanda, lhes entrou pelo quarto dentro a desejar os bons dias. Vontade de nos metermos pelo chão dentro, a vizinha mostra-se muito compreensiva. Uma hora depois estou na cozinha a tomar o pequeno-almoço e vejo que a gata insiste em visitar os vizinhos do lado, nunca na sua curta vida lhe tinha dado para tal sociabilidade, mas ontem estava para ali virada, no segundo seguinte a gata despenha-se das grades da varanda do nosso 4º andar. Alguém desce a correr e recupera o animal num estado lastimável, que me inibo de descrever, mas vivo. Correr para as páginas amarelas à procura de clínicas, estão todas fechadas ao domingo de manha, há uns números para urgências, convencer os veterinários que a situação é mesmo urgente e que por isso "tirem o rabinho da cama". Correr para a clínica, os primeiros prognósticos são muito maus, possivelmente eutanásia, parte-se-me o coração apesar de nas ultimas semanas a ter ameaçado milhares de vezes de que a atirava pela janela (de cada vez que me estragava os amores-perfeitos), Rx, antibiótico, corticosteróides, analgésicos, pode ser que se safe sem mazelas, fica internada, a caução é escandalosa mas esqueço os amores perfeitos. Almoçar e voltar ao congresso. Acaba o congresso, visitar a gata, está a melhorar, vai continuar internada.
Fim de tarde, tempo para um concerto do Mário Laginha e do Bernardo Sassetti na inauguração do belíssimo anfiteatro ao ar livre da Quinta das Lágrimas.
Preciso urgentemente de um fim-de-semana.

1 comment:

Anonymous said...

esfregue-se a familia com sal!
do grosso!