Serviço Público (I)

Aqui há uns anos o sindicato dos professores tinha uma tarjeta a toda a largura da sua sede, aqui em Coimbra, que dizia “a escola pública é a melhor porque é nossa”, coisa mais tola. Como dizer, os meus filhinhos sãos os mais lindos porque são meus – já dizia a coruja...
Esta discussão em torno dos contratos de associação tem muitos paralelos com a que se podia, e devia, ter acerca do serviço público de saúde. Porque os que se indignam por o estado estar a financiar ensino privado – e se fosse disso que se tratasse – não se indignam, e muitos beneficiam, quando o estado financia as consultas médicas privadas. Eu podia levar os meus filhos ao centro de saúde mas, por razões várias, prefiro levá-los a um pediatra privado (em consultas de pura rotina) e o estado subsidia-me essas consultas. O mesmo se quiser fazer uma qualquer cirurgia numa clínica privada.

E porque tantos escolhem o serviço privado? essa seria uma proveitosa discussão

Em Coimbra temos o rolls royce da escola pública, o Infanta Dona Maria, e um dos rolls royces da medicina pública, os hospitais da universidade. Um e outro tão longe da perfeição e que tanto têm que aprender com outros locais onde esses serviços são pagos.

Falemos dos HUC, há 15 dias passei lá toda uma manhã com o meu filho à espera de uma consulta. Fomos dos primeiros a chegar, mas o secretariado entregou o processo do J. ao médico errado; o médico errado ao ver que tinha um processo que não era dele não se ralou para desfazer o engano, atirou-o para o lado. O secretariado tardou a levantar o rabo da cadeira e a tentar solucionar a confusão que tinha criado. Conclusão, em vez de uma ou duas horas, passámos cinco horas encostados às paredes de um corredor.

(continua)