20.9.10

Os velhos



Gosto de velhos. Tenho para com eles um respeito reverencial que me transforma num ser vagamente do oriente. Os avós e os tios avós, aqueles que por cá andavam há muito mais tempo que eu acalmavam – e os que restam ainda o fazem - as minhas ânsias, tranquilizam-me, porque são sábios e não morreram novos, o que lhes confere um certo sabor a victória (victória escreve-se sem c? quero lá saber, por mim até se poderia ainda escrever mãi).
Recordo-me, muito pequena, na casa de banho da minha avó com os pés sujos enfiados no bidé e a minha avó a lavá-los, antes de eu me poder deitar. A segurança que dá uma avó que nos lava os pés e que nos diz como uma menina se deve comportar. Nunca me aborreceu a minha avó a ensinar-me como se deve comportar uma menina e eu a acreditar que assim devia ser e a fazer sempre o contrário.

1 comment:

henedina said...

Eu gosto de crianças.
Gosto de crianças mais do que gosto de adultos ou de velhos.

Gosto do olhar directo das crianças, do sorriso nos olhos, do cheiro, do toque. Da meiguice e da rebeldia. E, gosto sobretudo, da gratidão que elas têm sem artificios quando as respeitamos, as aliviamos, qdo lhe damos um bocadinho de conforto, atenção, brincadeira.
Gosto de abordar a criança, a altura dela, com meiguice, saber ler o medo, o receio, ou a dor e devagarinho mas firme dar-lhe a certeza que podem confiar e que finalmente tudo vai correr melhor.