12.7.10

Pensem nisto



Cada caso é um caso, mas diria que a política de encerrar escolas que têm meia dúzia de alunos distribuídos pelos vários anos de ensino é boa. A desertificação, se calhar, é fatal como o destino, e Portugal não está só nesse processo, mesmo no mundo mais desenvolvido. E como compreendo a ângustia das câmaras e dos presidentes da junta que vêem a sua população a envelhecer e a desaparecer. Mas a luta contra a desertificação não pode lesar os interesses das crianças.
Vá batam-me. Mas os que me hão-de bater são os mesmos que escolhem criteriosamente a escola dos filhos, e que nunca escolheriam uma em que oito crianças do 1º ao 4º anos partilhassem a mesma sala e a mesma professora. Em Coimbra, onde existem n+1 escolas públicas, os pais digladiam-se para conseguir lugar em apenas duas delas. E vale tudo desde inventar moradas falsas a outros estratagemas.
A comunicação social também tem feito bem o seu papel no dramatizar de coisas que são absolutamente vulgares. Um exemplo, a Visão sublinha a amarelo a declaração de um pai ou avô de um desses meninos cuja escola vai fechar, qualquer coisa como “crianças de seis anos na escola de sol a sol...”. E o povo indigna-se. Que horror! Como se não fosse o que acontece à grande maioria das crianças de hoje, basta morarem numa vilória e não terem, por exemplo, os avós por perto. É verdade que as crianças dessas aldeias se calhar brincam na rua mal a escola acaba e até vão almoçar a casa. Mas à custa de quê? As crianças deixam de poder ir a pé para a escola o que, verdade seja dita, é uma coisa óptima, ir a pé para a escola. Mas, também não é o que acontece a todas as crianças das populações mais favorecidas ? E alguma vez alguém escolhe uma escola pior para os filhos, só porque para aquela escola as crianças podem ir a pé?
Há ainda os que clamam por economicismo, pois se calhar também é argumento. Mas como em tudo, especialmente num país teso, espera-se que os governantes façam bem as contas custo/benefício. Ou não é assim?

2 comments:

Eva Lima said...

Eu (+ 2 filhos, marido e cão) fui a Mortágua e também não te vi. Estivemos, essencialmente, com o cego a quem entragámos o ano passado o Clermont.
Tenho pena de não nos termos encontrado...

Isabel said...

viémos embora muito cedo, fomos ver o dakar e o seu novo dono.