22.5.09

da coscuvilhice


sofrerei do síndrome pos-professora-de-espinho?
gosto de ir almoçar sozinha à cantina. Não me incomoda nada, dá-me oportunidade de escutar as conversas à esquerda e à direita, aprende-se sempre. Alimento-me também dessas histórias. Depois sou como um confessor, "segredo de confissão, segredo de confissão", um túmulo. Hoje as raparigas à minha direita, eu ocupava a ponta da mesa, falavam discretamente, quase em surdina, apenas conseguia apanhar algumas palavras soltas: frígida, disse uma. As frígidas são impotentes? perguntou a outra. Conversa interessante, mas um bocadinho surrealista. De que falarão elas, de mulheres? não me parece. De ratinhas transgénicas, modelo de uma qualquer disfunção sexual?
Ou porque elas começaram a falar mais alto, ou porque os meus níveis de glucose atingiram finalmente valores aceitáveis, percebi a conversa toda quando uma se referiu a olhos, estavam a falar de LENTES, RÍGIDAS. Muito feio e perigoso ser coscuvilheira.

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