25.7.08

Não perder a pose



Em 2001 estava a fazer um curso europeu perto de Paris e era quase Natal. Uma tarde os meus colegas, vindos dos sete cantos da Europa, decidiram que no fim das aulas iam em conjunto excursionar por Paris, a compras. No grupo havia uma romena, simpática, mas com um aspecto exterior completamente demodèe*, cabelo e modelitos que já não se viam nem na aldeia mais recôndita do Portugal profundo. Eu decidi que não ia a compras porque não tinha dinheiro e porque não me apetecia, aproveitando ela a deixa para confirmar “para que hei-de fazer compras em Paris e ir carregada, se na Roménia posso comprar exactamente os mesmos produtos? que disparate”. E não perdeu a pose, o que é, mais vezes do que se imagina, essencial. Também assim me sinto e ajo, muito mais vezes do que gostaria.




* Há uma história verdadeira e que seria engraçada se não fosse triste: a minha tia tinha uma amiga romena e um dia a minha tia escreveu à amiga a perguntar que número calçava porque lhe queria oferecer uns sapatos. Na volta do correio, a romena, professora de francês, enviava-lhe o nº dos sapatos de toda a família.

No comments: