Maria dos Prazeres, 76 anos, profissão, puta.
Maria dos Prazeres, puta das Ramblas, sonhou, um dia, uma noite, que morreria antes desse Natal.
Que a morte para ela não era nada, mas morrer sem ter ninguém que a chorasse na sepultura partia-lhe a alma. E em Barcelona morre-se facilmente sozinho, ainda mais naquela profissão. Restava-lhe Nói, caniche estúpido e adorado.
Maria dos Prazeres dedicou o que achava serem os seus últimos dias a ensinar Nói a chorar, depois a reconhecer a sua sepultura vazia no cementério de Montjuic e, finalmente, a fazer o caminho que vai das Ramblas ao cementério.
Ia Novembro adiantado no dia do ensaio geral, Nói trotando pelo Paseo da Gracia, Maria dos Prazeres, coração oprimido, vigiando-lhe o trote a partir do autocarro. Chegada ao cementério colou-se à terra fria e esperou.
Au, au, era Nói, Nói! Nói! Nói que chegava suado e babado e se aninhava na sepultura. E Maria dos Prazeres soube, nesse instante, que já podia morrer descansada, sem temer não ter ninguém que a chorasse.
Mas não morreu antes do Natal. Porque Maria dos Prazeres era uma puta séria mas, não era vidente.
Maria dos Prazeres, uma história da Caruma
Ia Novembro adiantado no dia do ensaio geral, Nói trotando pelo Paseo da Gracia, Maria dos Prazeres, coração oprimido, vigiando-lhe o trote a partir do autocarro. Chegada ao cementério colou-se à terra fria e esperou.
Au, au, era Nói, Nói! Nói! Nói que chegava suado e babado e se aninhava na sepultura. E Maria dos Prazeres soube, nesse instante, que já podia morrer descansada, sem temer não ter ninguém que a chorasse.
Mas não morreu antes do Natal. Porque Maria dos Prazeres era uma puta séria mas, não era vidente.
Maria dos Prazeres, uma história da Caruma
No comments:
Post a Comment