16.3.07

A Esmeralda e a Andreia

Na última semana quase não vi televisão e desde Domingo que não pego num jornal. Por isso não acompanhei toda a exploração que imagino que os media portugueses terão feito do caso Andreia. Não vi manifestações populares em Lousada nem em lado algum.

Das manifestações populares, tenho para mim, que podem ser de gente inculta, atrasada ou de pessoas que sofrem no pelo e que ninguém ouve consoante nos identificamos ou não com as suas reivindicações: se a população de Felgueiras sair à rua para defender a Fátima é atrasada e infectada de caciquismo, as mesmíssimas pessoas transformam-se em gente informada, que sabe o que quer e do que precisa, se se manifestarem contra o encerramento de uma maternidade (eg).

As crianças Esmeralda e Andreia:

tudo as une, as circunstâncias as separam. Ambas vítimas de adultos que se não têm más intenções, têm pelo menos uma grande falta de juízo. Por amor podem fazer-se as melhores coisas e as maiores asneiras.
O Eduardo Pitta interrogava-se:
Será que, no seu caso, não há lugar a quebra de vínculo afectivo? À perda de referentes? Ao desmoronar da “construção” identitária? Não sofrerá, também ela, uma perda irremediável? Ou só as meninas que estão em parte incerta é que têm direitos?


Claro que a todas estas perguntas, com excepção da última, se deve responder com um grande sim.

Mas, se em relação ao casal que “adoptou” a Esmeralda se pode dar todo o benefício da dúvida, apesar de tudo recebeu a bebé “legitimamente” das mãos da mãe biológica (embora seja difícil de engolir todo o resto da história) e ao que se sabe até hoje amou a menina como se amam os filhos, o mesmo não se me oferece dizer no caso da Andreia. Que mãe é esta capaz de roubar a filha a outra mãe? que utiliza um bebé recém-nascido (transformando o bebé em coisa que se oferece) como prova de amor ao marido? Que sentimento obtuso é esse amor? por mais que tenha cuidado da menina com desvelo.

Se calhar quem merece mais pena nesta história toda são duas meninas adolescentes que da noite para o dia viram toda a sua vida e os os seu alicerces serem destruídos.

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