Porque sou pelo sim (II)
Perguntem às mulheres, oiçam as mulheres.
Das três vezes que estive grávida, e que soube que o estava por volta das cinco ou seis semanas, nunca senti que dentro de mim tinha um conjunto de células mais ou menos sensíveis ou enervadas, senti, isso sim, que dentro de mim se criava um filho que esperava viesse a nascer como um ser saudável e completo e amei-o desde o início. Por uma vez passei as angústias de se por a hipótese de ter que escolher abortar ou não: esperava os resultados de uma amniocentése, a estatística dizia que tinha um risco de 1 em 270 de vir a ter um filho com síndrome de Down, o que pode parecer um risco ridiculamente pequeno, mas durante os dias de espera se a razão me dizia que se fosse verdade devia abortar, o coração não dizia nada e apertava-se a cada dia. Não o desejo nem ao pior inimigo. Felizmente tudo correu bem.
Mas eu sou uma mulher adulta, informada, com uma relação estável, com um bom suporte familiar.
Percorram o país real e nem vão acreditar no que vêem e no que ouvem. Mulheres que parem como coelhas, que deitam filhos cá para fora, um de cada relação do momento, e que não têm condições para criar, mulheres novas mas tão ignorantes, mulheres que engravidam dum pai ou dum irmão porque lá em casa é assim, mulheres que engravidam de quem as cobre de porrada todos os dias, oiçam um mãe que viu morrer a filha esvaída em sangue de um aborto feito em casa, oiçam as mulheres e não condenem quem não quer ou não pode ser mãe quando a puta da vida lhe foi tão madrasta.
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