A Rainha do Baile – Conto alegórico
Era eu jovencita e lá na minha terra, no salão paroquial ou coisa parecida, havia Baile. Duas vezes por ano, a 31 de Dezembro e sábado gordo era certo e sabido que íamos ao baile, ao primeiro empinocadas ao segundo mascaradas, mas o efeito era o mesmo. E sabíamos que também lá havia de estar a filha do marceneiro, chamemos-lhe Anselmo Machado, bom nome para marceneiro, homem próspero, a filha a cópia perfeita das irmãs da Gata Borralheira. A irmã da gata Borralheira só aparecia nessas duas datas, no resto do ano sumia-se em casa. Mas no Baile, de Carnaval ou de Fim de Ano, a filha do Anselmo Machado marceneiro era sempre, foi sempre, a Rainha do Baile. Ganhava o título e o trono a menina, a jovencita, que arrecadasse mais convites para uma dança, um tango, um chachachá. A venda dos convites revertia a favor de uma associação de beneficência e nunca o Anselmo Machado marceneiro deixou os seus créditos por mãos alheias, venham daí 50 convites, que a minha menina há-de ser a Rainha.
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