22.9.06

Diário de França - a chegada



A chegada: cheguei num domingo e já devia saber que raramente é boa ideia chegar ao domingo a um sítio que não se conhece. Domingo é dia de ficar em casa e se há qualquer problema não há como o resolver. Mais, fica-se com uma ideia totalmente errada das coisas, o domingo é uma pasmaceira. Lembro-me de chegar a Basileia, também num domingo, para uma estadia de 3 meses e de ter tido vontade de apanhar imediatamente o avião de volta, mas que terra é esta, a que deserto vim eu parar!

Orly, tarde de um domingo bem quente, arrasto penosamente a minha mala de 20 Kg (como consegui esta precisão quando atafulhei a mala antes de partir, 20 Kg) mais o portátil, mais um saco a tiracolo em direcção ao RER, mudança de comboio, mais outra mudança de comboio porque apanhei o comboio errado e estupefacta vi toda a gente sair e o comboio ficar vazio meia dúzia de paragens antes da minha. Chegada, um táxi, por favor, um táxi. Chego a uma terra dos livros da Anita, estaçãozinha cuidada e minúscula, parques, caminhos bucólicos, não há táxis. Mapa na mão arrasto toda a bagagem mais 20 minutos. Os raros transeuntes reparam na minha figura, perguntam-me se preciso de ajuda, dizem-me que vou no bom sentido, sinto-me um personagem do George Simenon, vejo as velhotas espreitarem-me pelos cantos das janelas: uma forasteira…
Enfim, Residence hoteliere Les Coupiéres, é aqui. Surpresa, tudo fechado, não há sequer uma campainha, bato à porta, nada, espreito por um vidro, umas escadas cheias de caixotes, deve estar fechado e há muito. Verifico o fax da confirmação da reserva, está tudo certo, telefono uma e outra vez para o número de telefone que vem indicado, ninguém atende, a rua deserta. Uma hora de desespero depois e aparece uma boa alma da casa em frente, explico-lhe a situação, a senhora diz, volto já. E volta, com a dona da Residência que sabia perfeitamente da minha chegada. Estes franceses são loucos.

No comments: