Sábado no Palácio de Vila Flôr: Sombras
Guimarães é magnífica nesta altura do ano, o frio do granito abrilhantado pelas iluminações feéricas, de preferência com alguma chuva à mistura, conferem à cidade a dose de irrealidade de que precisamos por estes dias.
O espectáculo de Ricardo Pais “Sombras” também. Os espectáculos de Ricardo Pais são sempre cenograficamente belíssimos, de um rigor técnico inigualável. E com o grau justo de desconcerto.
Em “Sombras”, Pessoa meets Garrett, meets A Castro meets Sebastião, Bastião basta! meets ninguém, Jacinto Lucas Pires, ofereci-lhe um ramo de gerúndios brancos e ela ... oh! só oh, meets O’Neill, e tudo o fado encobre e ensombra. “Oh minha mãe, minha mãe/ Oh minha mãe minha amada/Quem tem uma mãe tem tudo/Quem não tem mãe, não tem nada”.
tem a carta da corcunda para o serralheiro*: O senhor nunca há-de ver esta carta, nem eu a hei-de ver segunda vez porque estou tuberculosa, mas eu quero escrever-lhe ainda que o senhor o não saiba, porque se não escrevo abafo.
"Sombras" vai andar por aí, por Lisboa, por Viseu, pelas ilhas, vão lá que “A nossa tristeza é uma imensa alegria”
*Fernando Pessoa
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