15.12.10

O bas-fond


Quando em 2003 aterrei no aeroporto de Lubliana estava longe de imaginar o país civilizadíssimo onde passaria duas semanas. Uma amiga tinha-se perguntado se não deveríamos levar papel higiénico... Na verdade, o aspecto do aeroporto, mais o canadair que me transportou desde Munique em curvas vertiginosas de montanha russa, esses sim estavam de acordo com o que esperava de uma nação saída da Jugoslávia. Quando cheguei vi-me na fila de passaportes no meio de uma pequena multidão ruidosa de gente muito morena e de mulheres mais ou menos veladas. No regresso a casa no balcão do check-in havia anúncios que, embora em esloveno, eram suficientemente figurativos para se entenderem: proibição de transportar armas dentro das aeronaves (quando no resto do mundo nos impediam de levar um corta-unhas) e de sair do país com uma soma astronómica em tolares. Em Lubliana e nas cidades por onde andei não vi uma única mulher velada nem uma única pessoa de etnia cigana, do que depreendo que chegando ao aeroporto de Lubliana eles tomarão rapidamente o caminho de outra república.
À vista, o mais paradisíaco dos países – quando perguntei a um professor se eles não tinham o problema “romeno”, respondeu-me, com uma boa dose de xenofobia, que não, que os eslovenos não permitem que lhes estraguem a terra – mas os avisos do aeroporto não estariam lá se não houvesse razão para lá estarem. Vem esta conversa a propósito disto.
Nota: e não quero de maneira nenhuma insinuar que os problemas vêm das pessoas que vi no aeroporto e que nunca mais vi, mas apenas dizer que por aqueles lados, se calhar como noutros países europeus, há muitas coisas que apenas se pressentem. Pelo menos aos olhos do turista

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