As nozes
Um dia entrou em minha casa um padre missionário vindo de longes terras. Com uma barba tamanha e branca que só podia ser muito sábio. Falava num tom bondoso e firme. Estávamos a partir e a comer nozes dum dia de inverno. Quando eu era pequeno e na minha aldeia se passava uma fome negra, meia sardinha para dois, o meu pai dizia, isto, ou aquilo, é quase tão bom como nozes, e a minha mãe fazia as mesmas comparações, tão bom, melhor, que nozes. Muito mais tarde, já quase adulto, chegaram-me as nozes e perguntei desiludido, é isto? eu que esperei tantos anos por coisa tão amarga.
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