4.7.10

Os plátanos



Aqui há poucos meses soube-se que os plátanos de uma avenida de Coimbra, onde até deveria passar o sempre adiado metro, estavam doentes e precisavam de ser abatidos (pelo menos alguns) para que não propagassem o mal aos que ainda se encontravam saudáveis. Saíram logo à rua todos os fãs de todas as teorias da conspiração, mesmo aqueles que se calhar nem sabiam que aquelas árvores eram plátanos, e tudo foi dito. Se a muitos deles se pode aplicar “perdoai-lhes senhor”, o mesmo não devia acontecer quando o adepto da teoria da conspiração é um professor universitário de botânica, outra responsabilidade deveria demonstrar. Ora este professor “considerou estranho que vários plátanos de uma avenida de Coimbra por onde passará o futuro metropolitano estejam a ser atacados por fungos, obrigando ao seu abate, iniciado esta semana” e quando questionado sobre o porquê da estranheza não considerou necessário explicar mais “Tenho todo o direito a achar muito esquisito, ainda por cima (atacando) plátanos em linha”.

Se na altura a maleita não era visível aos olhos dos leigos, hoje qualquer um que passe na Emídio Navarro, verificará que alguns plátanos foram efectivamente cortados mas, também, que outros irão pelo mesmo caminho. E o professor de botânica terá que avançar para o patamar seguinte com a sua teoria, mão criminosa andou a semear a praga por entre as árvores. Tem todo o direito de pensar o que quiser, e de mandar às urtigas qualquer ética científica.
E, no entretanto, o metro foi metido na gaveta

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