6.6.10

Eppur si muove: questões fracturantes



as questões não são fracturantes a nosso bel prazer ou porque alguém o estipulou, são-no porque sim, porque fracturam, porque a população de um país ou de uma comunidade não se entende quanto a um determinado assunto e o considera muito importante. Lamento, Inês Pedrosa, mas uma questão não deixa de ser fracturante só porque a IP não entende o porquê. É o que eu digo, e já o outro dizia, há muito mais entre o céu e a terra, que apesar de tudo gira. A Inês Pedrosa que se calhar até é uma pessoa inteligente - pelo menos atribuíram-lhe um cargo que normalmente é entregue a pessoas inteligentes, refiro-me a ser guardiã de alguma memória do Fernando Pessoa – assina esta semana uma crónica -não encontrei o link- “burra” no jornal Expresso. Relendo até descubro que a maior parte das palavras não são dela, mas de outras que sobre o dito tema fracturante estudaram, e meditaram. Como não li as obras citadas vou dar de barato que Inês Pedrosa fez bom uso do que leu, embora me pareça o contrário. Pessoalmente não considero que o casamento entre homossexuais ponha em causa o meu próprio casamento (era o que mais faltava) ou a instituição família, mas daí até fazer dele um paraíso quando comparado com a selvajaria das famílias tradicionais, como IP quer fazer crer, vai uma muito longa distância. Todo o raciocínio que trespassa da crónica é tão, mas tão redutor, que até faz dó.

Agora digo eu
- As famílias têm origem na sociedade e são sua parte integrante: se a sociedade é machista porque não haviam as famílias de o ser? Se a maior parte de uma população vive em família, pois será lá que, estatisticamente, estará o melhor e o pior da sociedade. Eu cá venho de uma família grande, onde há muitas pequenas guerras, mas também uma solidariedade imensa, e creio que o sentimento de pertença familiar confere ao ser humano segurança e bem-estar. Talvez, especulo, o aumento de violência doméstica até esteja mais relacionado com a desagregação familiar. O FNV tem reflectido, quanto a mim brilhantemente (destaquei-o, por exemplo, aqui), sobre esta instituição, que queira ou não a IP, prevalece desde o princípio dos tempos (e a fazer fé nos princípios de Darwin...).
Não me parece que os casais de homossexuais tenham alguma coisa para ensinar à família tradicional, hão-de ser feitos dos mesmos vícios e virtudes, são constituídos por homens e mulheres, que só diferem dos hetero no plano sexual (ou não é isso que proclamam?). Muito menos que venham resolver os problemas criados pela família tradicional, como sejam o das crianças institucionalizadas, como também já escrevi. E vejo com preocupação um futuro de procriações muito medicamente assistidas, em que as crianças são consideradas como um direito.

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