11.6.10

10 de Junho em Coimbra



Mau Tempo no Canal*, vinte anos depois da minha história açoriana, noventa anos depois da saga de Margarida. E tudo ainda tão próximo.


Travessia da Terceira para S. Jorge, Cruzeiro das Ilhas, o enjoo, mal insuportável, não nos deixou chegar ao porto de destino, Velas. Como se lhe tivesse sido pedido o barco carregado com uma banda de calafões, aportou primeiro à Calheta e foi ver quem mais fugia daquele antro de tortura. Quais náufragos numa ilha deserta, não sabíamos onde estávamos, se era longe ou perto.
E foi quando apareceu a mulher: se queríamos ir para Velas – que sim – se já tínhamos hotel em Velas – que não – que então ficávamos em casa dela – aceitámos! A mulher era da Graciosa e tinha vindo casar a S. Jorge, onde era estrangeira, e carregava em cima dela toda a solidão de cada uma das nove ilhas. A mulher tinha um bar na praia, com o Pico ao fundo, uma filha pequena, um marido ausente e um ódio calado àquela ilha que a não reconhecia…


publicado originalmente no Aba de Heisenberg




*Vitorino Nemésio

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