O actor

Em tempos quis ser actriz, de teatro, gabavam-me a voz; oh veleidade, é preciso muito mais do que isso. Se falhei o destino ficou-me a paixão. A primeira coisa que fiz em teatro foi uma adaptação de Ovídeo, “As quatro idades”. Quis o encenador, Adolfo Gutkin, que o exercício começasse comigo, do alto, declamando as duas primeiras estrofes dos Lusíadas, As armas e os Barões Assinalados... Talvez venha daí o meu gosto pelos discursos grandiloquentes, pela tragédia grega, pelos grandes textos e as frases dramáticas, “A Castro” de António Ferreira no topo. Olho e volto a olhar, e ainda mais uma vez, as fotografias de Diogo Infante, Édipo,

“Irmão dos próprios filhos, casado com a mãe. As montanhas farão eco dos teus gemidos.”

Édipo rei, de Sófocles, no Teatro Nacional D. Maria II