Diário de Coimbra
António Luzio Vaz, não há estudante de Coimbra que o não conheça, nós os repúblicos ou ex-repúblicos, mais do que nenhuns. Sempre à frente no tempo, um sonhador com os pés na terra, um cérebro sempre a fervilhar. Nos anos 80 resolveu incentivar o ancestral hábito das Repúblicas fazerem as sua próprias refeições, espaço e tempo de convívio primordial. Depois de 74 as Repúblicas tinham entrado em considerável decadência e, algumas delas de República já só guardavam o nome, tendo perdido toda a sua vocação de vivência comunitária. Propôs Luzio Vaz, enquanto presidente dos Serviços Sociais da UC, que os repúblicos se fossem abastecer de géneros aos armazéns das cantinas da universidade e depois preparassem os seus próprios repastos. A aceitação por parte das Repúblicas foi enorme, mas a implementação desta ideia dava toda uma história. Ninguém tinha carro, os da Alta desciam as Monumentais, que os armazéns eram logo ali, e para baixo e descarregados todos os Santos ajudavam. Para cima é que era o diabo, carregar víveres para doze ou quinze esfomeados, escadaria acima, 125 degraus... quando havia saco de batatas cotizávamo-nos para o táxi. Mais tarde, na época dos fidalgos que vieram a seguir, como os armazéns da Universidade tinham mudado para mais longe, uma carrinha dos Serviços distribuía os víveres República a República – um luxo.
As refeições ficavam baratíssimas mas, mesmo assim, era preciso pagar a conta no fim do mês. E se nalgumas casas as contas andavam certas, outras estavam cheios de caloteiros que “bebiam” a mesada e era um, “Oh vizinhas, podem ceder-nos um vão de porco? Os “sociais” cortaram-nos a comida.”, ou, individualmente “posso vir comer aqui por uns dias? os caloteiros lá de casa voltaram a não pagar a conta.”
E as memórias são como as cerejas, mas tenho que ir tratar de vida que agora já não tenho Luzio Vaz que me salve.
As refeições ficavam baratíssimas mas, mesmo assim, era preciso pagar a conta no fim do mês. E se nalgumas casas as contas andavam certas, outras estavam cheios de caloteiros que “bebiam” a mesada e era um, “Oh vizinhas, podem ceder-nos um vão de porco? Os “sociais” cortaram-nos a comida.”, ou, individualmente “posso vir comer aqui por uns dias? os caloteiros lá de casa voltaram a não pagar a conta.”
E as memórias são como as cerejas, mas tenho que ir tratar de vida que agora já não tenho Luzio Vaz que me salve.
3 comments:
Valeu a pena a espreitadela; não só pela notícia, pela estória, mas fundamentalmente pela expressão, bebiam a mesada.
fernando :)
tenha um bom ano!
Agradeço e retibuo.
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