9.6.09

De ser judeu


No último número do Courrier Internacional, edição portuguesa, aparecem uma série de artigos dedicados à identidade judaica sob o título de capa “Quem inventou os judeus?”.
Neles Shlomo Sand, professor de história da Universidade de Telavive, e como ele outros denominados novos historiadores israelitas, põem em causa a existência e génese do povo judeu como mito fundador de um Estado de Israel, tal como vulgarmente o reconhecemos. Segundo Shlomo Sand em entrevista a este jornal “Basta, aliás, olhar para os judeus, para se perceber que não têm a mesma origem, como alguns defendem”. O que assim ser põem em causa “a legítima colonização” da Palestina baseada em origens históricas e num exílio que este historiador contesta “houve elites que emigraram. Mas, como sempre na História, as vastas camadas de produtores de alimentos não foram para lado nenhum”. O que não implica, por outro lado, que os habitantes da Palestina, sejam os descendentes dos que ficaram: muitos povos por ali passaram ao longo dos séculos, e os palestinianos de hoje provêm, como a maioria dos povos da terra, dessa mistura de povos e raças.
Assim, segundo estes novos historiadores, ser judeu não é uma essência, uma raça mas “viver uma grande religião”. “O judaísmo nunca foi um povo, foi sempre uma religião prosélita.”. E esta visão rácica do judaísmo tem tido pesadas consequências quer para o Estado de Israel, mistura de povos, quer para o conflito palestiniano que legitima. Ainda Shlomo Sand “Em Israel, sublinhar que judeu é uma «etnia» define um Estado que não é democrático mas “etnocrático”.

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