22.1.09

Da minha infância


Em minha casa havia muitas crianças, mas também uns pais atenciosos e tivemos sempre uma empregada interna. Nunca adormeci sem um “com Deus me deito, com Deus me acho lá vai a I. pela cama abaixo”, umas cócegas e um beijo. Gritos só os das crianças, não me lembro de os meus pais gritarem connosco, coisa de que os meus filhos não se podem gabar. Quando o meu pai estava uns dias fora, em trabalho, guerreávamos para dormir na cama da mãe.
No entanto:
Quando eu tinha 7 anos e andava na 1ª classe o meu irmão mais novo, com dois anos, ficou doente e teve que ser internado no hospital. Todos os dias, no fim da escola, eu rumava sozinha ao hospital. Ainda recordo o silêncio de um corredor muito comprido e branco com muitas portas grandes amareladas. O meu irmão ocupava um “quarto particular” também enorme, uma cama imensa para o tamanho dele, ao lado a minha mãe esperava que eu, 7 anos, a revezasse a fazer companhia e brincar com o meu irmão enquanto ela ia dar aulas ou ver como andava a nossa casa. Hoje, quando penso nisso, parece-me inacreditável.
Um bocadinho mais velha, mas ainda na escola primária, havia outro irmãozinho lá em casa (lá em casa havia com muita frequência um irmãozinho novo), quando ele tinha um ano dormia no meu quarto, e a minha mãe preparava à noite um biberão que eu lhe dava de manhã antes de ir para a escola. Hoje, quando penso nisso, parece-me inacreditável.

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