A crise
A crise não é um mistério insondável. Pelo contrário, pode ser discutida e a sua superação exige que se perceba porque chegámos a ela. É, além disso, um assunto que diz respeito a todos e a cada um de nós.
A ideia que existe é a de que ela chegou porque alguns banqueiros tiveram “mais olhos do que barriga”. É uma explicação curta. Na verdade, os poderes políticos permitiram que tal acontecesse. Permitiram em Nova Iorque, em Londres, em Paris e em Lisboa. Entre os políticos, estabeleceu-se a convicção de que a realização de lucros financeiros ilimitados era a garantia de que a economia continuaria a crescer. Bastaria que uma ínfima parte desses lucros fosse investida na economia real para que assim fosse. É esta a convicção que está a ser dramaticamente posta em causa pela crise. Na verdade, as bolsas e a banca vampirizaram as empresas e o trabalho. O crescimento das últimas décadas dependeu do aumento exponencial do crédito e do endividamento. O crédito fácil e barato foi a contrapartida da “moderação salarial”. Parecia que funcionava. Até que…
E agora?
Que fazer em Portugal, que apanha com uma crise nova em cima de uma crise velha?
Que fazer na Europa?
E que pode fazer a Europa pelo mundo?
A hipótese que aqui se levanta é simples: nunca como agora dependemos tanto uns dos outros. A crise não se resolverá com as políticas que nos trouxeram até ela e exige novas prioridades, tão válidas em Portugal, como em Inglaterra ou no Sri Lanka.
O Sr. Miguel Portas hoje às 15:00, Auditório da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
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