4.6.08

Umas raridades


Nas aldeias inglesas há uns espaços especialmente aprazíveis durante os dias de verão, os velhos cemitérios em torno das muito velhas abadias. Há sempre um banco de jardim para que o viandante se repouse, coma uma sandwich de salmão fumado e pepino, beba uma água fresca e pegue do pequeno livro de bolso ou do moleskin para algumas notas ou rápidos esquiços. Ou medite apenas na vida e na morte sem grandes angustias ou melancolias. Para ajudar ao enlevo nada como tentar decifrar as carcomidas lápides envoltas em relva, erva ou plantas selvagens. Duas destas inscrições ficaram-me particularmente na memória, referiam-se a duas mulheres mortas no século 18, em idades absurdamente avançadas para a época, uma finou-se aos noventa e cinco anos e dizia a lápide “e ainda tinha bons dentes", a outra, rapariga para a mesma idade, destacava-se pela quantidade de maridos que tinha enterrado: “Aqui jaz Mrs A. Smith, casada com Mr X de tantos a tantos, com Mr Y de tantos a tantos e com Mr Z. Smith de tantos a tantos”. Umas raridades.

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