22.4.08

No dia da Terra: “a feminização da pobreza”



"Ora acontece que há outras mulheres, em muito maior número, que estão muito longe destes problemas e estão condenadas a uma vida verdadeiramente desumana, à negação absoluta de que também elas foram criadas à imagem de Deus. Refiro-me às mulheres de muitos países em desenvolvimento. E se há algumas que já lutam contra a burka ou a sharia, se há mulheres que afrontam todo um sistema patriarcal milenar, a verdade é que a grande maioria nem sequer tem tempo para pensar nestes problemas. Há até uma expressão que na simplicidade cruel da palavra esconde uma realidade terrível: «a feminização da pobreza». No recente documento de Aparecida, os bispos latino-americanos lamentam que inumeráveis mulheres de todas as condições não são valorizadas na sua dignidade: muitas «são submetidas a diversas formas de exclusão e de violência em todas as suas formas e em todas as etapas das suas vidas. Entre elas, as mulheres pobres, indígenas e afro-americanas sofreram uma dupla marginalização»: a marginalização de serem pobres e a marginalização de serem mulheres.

Um dos relatórios da ONU, depois de recordar que dos mil milhões de pessoas que vivem com um dólar por dia ou menos cerca de 70% são mulheres, faz a acusação de que muitas delas «carecem de acesso adequado à educação e aos serviços de apoio e a sua participação na adopção de decisões no lar e na comunidade é mínima. Presa no ciclo da pobreza, a mulher carece de acesso aos recursos e aos serviços para mudar a sua situação». E ali permanecem elas enleadas num círculo vicioso.

Estas mulheres não são lembradas no dia 8 de Março. Talvez se pudesse calendarizar um qualquer dia de Abril para recordar os mais esquecidos dos pobres deste mundo. Porque elas existem e são multidão.

José Dias da Silva, aqui (sublinhados meus)


Ser mãe e ministra da defesa é para muito poucas neste mundo.

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