8.1.08

Coisas que irritam

Durante as Festas o meu filho convidou uns amigos para virem jantar connosco, todos eles filhos de médicos. Durante o jantar, comentávamos as tradições gastronómicas da quadra, quando um deles diz, “este Natal fartei-me de comer leitão, veio do Hospital onde o meu pai trabalha”. Eu faço-me de novas, “ah, no hospital do teu pai assam leitões?”. O miúdo ri-se, “claro que não, foi presente de um doente”. E começaram todos, alegremente: “ao meu pai (à minha mãe) dão mais queijos, dão mais presuntos, dão mais...”. Não era altura para grandes filosofias ou para lições de moral, nem os miúdos têm culpa alguma da sociedade de subserviência em que ainda vivemos, e a conversa acabou ali. Obviamente aquilo não era novidade para mim, soube até de um médico que vendia (!!!!) aos amigos os presuntos que lhe davam, e que de serem tantos a família não conseguia comer.
Nunca a mim me passaria pela cabeça dar um presente a um médico. Seja no público ou no privado são pagos (e, pelo menos na medicina privada, muitíssimo bem pagos) pelo seu trabalho; normalmente são os mais humildes que o fazem, aqueles que ganham menos num mês do que o senhor doutor numa tarde de consultório. É disto que se faz o atraso de um país.

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