3.12.07

Matem! Matem!

Domingo, três da tarde. Atravesso a ponte pedonal sobre o Mondego empurrando o carrinho do M, 3 anos. A ponte está cheia de passeantes. À minha frente segue um sujeito, cabelos compridos, pretos e muito bem cuidados, um sobretudo de veludo preto quase até aos pés, na mão leva uma trela de cão, sem cão. Um pouco mais à frente duas crianças pequenas (entre os quatro, seis anos), quando se viram vejo-lhes os rostos lindos, angelicais, emoldurados por cachos de caracóis negros, vestem roupas caras. O pai chama os miúdos e diz em voz alta, podem começar a matar, matem! matem! Reparo que os miúdos têm em cada mão um revólver, uma boa imitação das armas verdadeiras, mas parecem não perceber o que é que o pai quer que eles façam, estão incomodados. Pasmo. Quando ultrapasso os miúdos, o mais velho pára a olhar para o meu filho. O pai reparando no interesse do miúdo acirra-o, mata-o, mata-o. Não digo nada, que poderia eu dizer? Sigo o meu caminho a pensar: não configurará isto um caso para a Comissão de Protecção de Menores?

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