25.10.07

Eu não gostava de ser(ter) uma mãe assim

Por qualquer razão que desconheço, não sou dada a sentimentos de culpa ou a remorsos. Acho, sinceramente acho, que sou uma boa mãe. Acho até, que é a coisa que melhor faço e sei fazer. Que me perdoem a imodéstia. E os meus filhos lá se vão adaptando e sobrevivendo a esta excelente mãe, e não se têm saído mal. Se calhar as crianças não são todas iguais, se calhar tive sorte com as que me saíram na rifa, mas algum mérito hei-de ter nisso, ou não?
Nunca tive dificuldades com as vacinas e nunca recebi nenhuma carta de repreensão do Centro de Saúde. Se só depender de mim, os meus filhos não chegam atrasados a coisíssima nenhuma, porque sofro de neurose de pontualidade. Até as crianças terem 10 anos cumpro rigorosamente o calendário de visitas ao pediatra.
Quanto ao resto:
Vou o menos possível às reuniões da escola, vou-me certificando no dia a dia de que as coisas vão correndo e chega. A única excepção são as reuniões do Jardim Infantil do mais novo, porque são realmente um prazer (porque a directora e educadora é realmente fantástica). Nem sequer sei o calendário dos testes, eles também não têm que saber o das minhas reuniões; se têm uma dúvida pontual e eu os posso ajudar ajudo-os. Sempre achei uma seca ficar nas bancadas da piscina ou do ginásio ou seja do que for a ver as habilidades dos meninos e em conversas totós com os outros papás, há coisas muito mais interessantes ou úteis para fazer enquanto sabemos que as crianças estão entregues e entretidas. Nunca vigiei os trabalhos de casa, muito menos os corrigi (mas não é para isso que pagam aos professores?). Preocupo-me que eles comam bem, mas não faço disso uma religião, nem da sopa, e se não querem jantar é porque não têm fome e às vezes até agradeço, que janto mais descansada. Gostava que eles se deitassem mais cedo e que a casa estivesse mais sossegada à noite; conclui há muito que é uma batalha perdida. Levo-os às festas de anos se os pais das crianças me interessarem. De outro modo, fico contente se outro pai se oferecer para lhes dar boleia. Não acho que tenha que me aborrecer em programas de crianças, mas tento muitas vezes, e com alguns bons resultados, que eles não se aborreçam em programas de adultos. Porque os meus filhos, os três, são a minha melhor companhia. Enfim, esforço-me, e muito, e todos os dias, por ser uma boa mãe mas, por incapacidade ou por escolha, nunca hei-de ser uma dessas mães.

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