18.10.07

5 dias em Copenhaga


Sair de Portugal com 25ºC e chegar a uma terrinha em que o termómetro marca 8ºC e pode baixar até aos 3ºC não é muito animador para quem como eu gosta do quentinho mas, no final da estadia, havia de considerar que o clima não foi o pior dos males e é até capaz de constar do top 10 das coisas positivas: o sol brilhou quase sempre e a luz de Outono é muito bonita na Dinamarca.

A chegada

Para quem chega de avião, a Dinamarca, pelo menos a parte insular, parece uma panqueca poisada no meio do mar, nem uma pequena colina a quebrar a monotonia. A densidade populacional é muito grande e a quantidade de indústrias imensa, o conjunto não tem nada de bonito. A abordagem ao aeroporto faz-se a partir do mar que está pejado de coisas estranhas: uma ponte que aparece e desaparece, um parque eólico plantado no mar…
À chegada não tenho coroas e não encontro facilmente um Multibanco no aeroporto. Como preciso de apanhar um comboio até à estação central dirijo-me à bilheteira e pergunto se posso pagar com o Visa porque, justamente, não tenho coroas. O empregado pergunta-me malcriadamente se pretendo viajar de graça mas acaba por aceitar um pagamento em euros. A estação central é feia e suja, fica em frente do Tivoli, o parque de diversões, com um aspecto demodé. Consigo acertar com o autocarro para o hotel, a menina da recepção atende-me com um ar mal-encarado e começo a pensar que a simpatia não reina por aqueles lados. O hotel é moderno, design, e tal como as torres eólicas também está mergulhado na água.


A estadia

Quando pretendo sair do hotel, descubro que, na estação de metro/comboio mais próxima, não há bilheteiras e que as máquinas automáticas só aceitam moedas ou cartões de crédito com código. Como só tenho dinheiro em notas e não me lembro do código do visa viajo sem bilhete até conseguir arranjar um passe para toda a estadia.
A zona em torno do hotel é suja caótica e mal iluminada durante a noite. Aliás, o problema da má iluminação e da sujidade das ruas estende-se a toda a cidade.
O resto dos dias passo-os entre o trabalho e pequenos passeios pela cidade, sem nada de muito entusiasmante em ambas as actividades. È difícil orientarmo-nos nos transportes, as estações de metro, ao que me pareceu muito recentes, são limpas e funcionais, mas as de comboio são sujas e desagradáveis, o mapa não ajuda muito, as direcções para os locais de interesse não estão assinaladas nas ruas. Um passeio de barco pelos canais e pelo mar que rodeia a cidade acaba por ser a coisa mais excitante. Não tive tempo de visitar os parques, dizem-me que o Jardim Botânico é muito bonito. Janto onde me levam a jantar e gosto do que como e do ambiente dos restaurantes.


A partida

Chego ao aeroporto e procuro os balcões de check-in da TAP. Há uma grande fila. Esperamos pacientemente pela nossa vez. De repente duas madames dinamarquesas furam a fila e são atendidas, um casal luso-qualquer-coisa, que está à minha frente, dirige-se ao balcão e protesta pelo que lhe parecia ser uma falta de civismo. A loira dinamarquesa do check-in “tira-lhes o retrato”. Quando chega a vez do casal ser atendido, pedem á menina para fazerem check-in em simultaneo para garantirem que se sentam juntos no avião, a loira ressabiada, recusa. O casal argumenta que é um procedimento normal, a loira mantém-se inflexível. O casal tenta que o senhor, dinamarquês, de cabelo em crista, do balcão ao lado os perceba, mas este solidariza-se com a colega e não tarda a chamar-lhes malcriados. O tom aquece quando o casal diz que vai apresentar uma reclamação e pede à loira que se identifique. A loira chama uma superiora e a segurança do aeroporto porque acha que aquele casal de médicos podem ser afinal perigosos terroristas. A loira acaba por dizer que lhes faz o check-in se eles lhes pedirem desculpa, ao que o casal responde que não têm nada de que se desculpar. Chega a minha vez e o colega da crista manda-me avançar como se estivéssemos na tropa e eu fosse o soldado raso, faço-lhe notar que não são modos de lidar com clientes. O da crista diz-me para me portar bem (sic) porque me pode acontecer o mesmo que ao casal ao lado. Perante a minha estupefacção retém com a mão o cartão de embarque e ameaça que só mo dá se eu lhe falar com delicadeza! Isto tudo passou-se no aeroporto de Copenhaga! A queixa segue para a TAP.
Já no avião o comandante anuncia que em Lisboa o céu está limpo e a temperatura é de 26ºC.

2 comments:

Luís said...

Isabel,
conheço dinamarqueses encantadores.

Isabel said...

Oh, não duvido Luis. Eu ate tive uma paixao de ferias por um... aos 16 anos.