12.3.07

Coal + Train = Coltrane

O que eu vi, e o que o pequeno M. viu:

uma linha de comboio espraiada numa planície aqui e além temperada com umas tábuas ao alto que se haviam de revelar tampas de piano; na linha um comboio, que para alguns é azul, mas que para mim e para o M., que anda a aprender as cores e que por isso é mais rigoroso, é um comboio roxo. Ao lado do comboio identifiquei um monte de carvão (aos olhos do M. um monte de pedras). Isso foi o que nós vimos.

No final da exposição perguntei a M. do que é que ele tinha gostado mais naquela casa toda, e ele respondeu que não tinha gostado de nada*. Mas eu sei que ele gostou do comboio roxo e do croissant que comeu na cafetaria.

O que eles viram:

David Hammons (EUA) utiliza a linguagem e referências musicais como instrumentos para situar a sua obra fora do espaço cultural restrito dominado pela cultura branca. Chasing the blue train (…) é uma homenagem ao saxofonista de jazz John Coltrane – sendo o seu nome ilustrado por meio de uma pilha de carvão (coal) e um comboio de brincar (train):

coal + train = Coltrane.

*Opinião que eu me arriscaria a partilhar com ele, não fossem algumas boas fotografias (nomeadamente de Cindy Sherman).


Anos 80, em Serralves até 25 de Março

No comments: