18.1.07

Do Superior Interesse da Criança

A adopção tem que obedecer a parâmetros legais e parece-me normal e desejável que assim seja. Infelizmente as comissões de adopção funcionam mal, muito mal, e não há leis que as façam melhorar enquanto as pessoas que as compõem continuarem as mesmas, enquanto os juízes dos tribunais de família viverem completamente alheados do que significa, por exemplo, a institucionalização para uma criança, a conferência ser hoje ou daqui a meio ano tanto faz (dá vontade de lhes sugerir “olhe mande um dos seus filhos para uma instituição e vá buscá-lo daqui a meio ano, afinal o que é meio ano na vida de uma criança?”). Os candidatos a adopção esperam e desesperam, as crianças institucionalizadas hipotecam a cada dia o seu futuro. Talvez isto justifique que um casal desesperado de esperar, passe ao lado dos trâmites normais e aceite uma criança que uma mãe desesperada lhes oferece como filha.
Se é absurdo que a criança venha a ser entregue a um senhor que, sabe Deus com que motivação, sentiu agora o chamamento dos seus genes, e espero que o tribunal de família decida a favor deste casal e sobretudo a favor da criança, e o Tribunal de Família tem toda a capacidade legal para o fazer. Se é absurdo que o pai (pai é aquele que cuidou, que amou, que pôs os interesses da filha à frente dos dele próprio) seja preso por não indicar o paradeiro da filha. Se tudo isto… temos também que aceitar, como escreve o Eduardo Pitta que “A nossa sensibilidade é uma coisa. Os deveres do Estado, outra. As autoridades não podem assobiar para o lado até que a Esmeralda seja localizada.”

A ler o Eduardo Pitta e o Luís.


ps post alterado para que não haja mal-entendidos

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